20 anos depois (e duas “lendas vivas” das Caldas)

Hoje levantei-me em sobressalto
pressenti que o sol anunciava
um dia diferente dos outros
sem perder muito tempo
aparo a barba e tomo um café
ávido e expectante
segui estrada fora
entre a região saloia e a zona oeste
a emoção ia chegando saltitante,
ao entrar na cidade,
não cumprimentei a Rainha
nem a casa do Benfica
(outrora vizinha, agora desaparecida)
a dada altura avisto
aquela pequena rotunda
entre o “nosso” prédio e a escola,
os metros começam a encurtar
por entre os arvoredos,
e pronto, chegámos!
Ao sair do carro
avistei uma “lenda viva”,
(o Vitor, agora professor) 
a conduzir um carro antigo
de marca alemã e chapa dura,
pouco depois já no interior
povoado de tanta juventude
cruzámo-nos no hall
conversa para aqui, César para ali,
Solar da Paz e outras memórias para acolá,
e pronto, parece que
nem foi assim há tanto tempo…
E não é que uns passadiços depois
(de intenso cheiro a pinhal)
que unem agora a velha escola ao novo bar,
me deparo com outra “lenda viva”! 
(o Miguel, também professor)

Almoço no Tijuca e passeio no parque (com revisita ao Museu Malhoa)

Volvido o turbilhão emocional
na antiga ESTGAD agora ESAD
uma brisa nostálgica a pinhal
esmorecia ao regressar ao carro
avizinhava-se a segunda parte,
revisitar aqueles locais da cidade
e procurar uma boa tasquinha
para almoçar,
contudo antes disso
havia uma paragem obrigatória,
um prédio de escadas em caracol
que albergou no segundo piso
cinco estudantes da escola,
3 de artes plásticas e 2 designers
o Rito, o Pombeiro, eu, o Gil e o Saúl,
três anos de histórias, companheirismo,
crescimento, muita liberdade
e “alguma” vida  boémia…
O almoço foi no Tijuca,
sugestão do Vitor,
restaurante pequeno e castiço
de esquina com o parque
e uma calçada inclinada
para a praça da fruta.
Os jaquinzinhos estaladiços
desapareciam inteiros
entre goles do branco da casa,
em cada gole, uma memória,
um rosto, vários momentos
apareciam com aquela leveza
bonita que o vinho emana,
por instantes vi-me
aquele menino de 18 anos
sem grandes preocupações
praticamente só era preciso
ser feliz e fazer uns desenhos…